«O Nómada inquieta o poder, tornando-se incontrolável como um electrão livre e impossível de perseguir, logo de fixar, de convocar.» (1)
As expulsões de comunidades ciganas de França, que assistimos ao longo da semana colocam questões que pareciam ultrapassadas há muito. Questões que uma sociedade humana tecnologicamente evoluída e socialmente moderna defenderia desde os seus fundamentos. Afinal há no homem qualquer testemunho que parece estar sempre incompleto, o que nos deixa esta angústia que a História é sempre insuficiente nas suas concretizações.
A expulsão das comunidades ciganas é um tema que nos remete para os direitos do Homem, para as ideias de livre circulação da União Europeia e para os valores de uma Europa, cujas ideologias nacionais organizam sociedades onde a liberdade do indivíduo, a possibilidade de o ser parece cada vez mais ilusória e formal.
Este episódio não nos remete para episódios passados onde assistimos à deslocação forçada de comunidades. É preciso saber compreender a História. Mas os mesmos episódios aconteceriam a comunidades onde existisse um Estado que os suportasse legalmente e não fossem comunidades nómadas, mais vocacionadas para o pó da estrada, do que para o sentido gregário?
Mesmo no século XXI não se compreende o errante, o caminhante, o que não se integra no corpo social da cidade, do templo, da fábrica, do estado nacional. Ainda permanecem muitas conquistas por realizar neste velho mundo, onde o natural e o humano estão longe do essencial.
(1) Michel Onfray, Teoria da Viagem
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