"Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza (...)
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio." (1)
Já lhe dedicámos alguns textos e sobre ele escreve-se diariamente em continentes de emoções e latitudes diferenciadas. A sua biografia, da qual já aqui demos conta em breves palavras é só uma impressão, um gesto de uma genialidade complexa, universal e original nas formas e muito rica de ideias.
Foi com ele que atingimos a universalidade dentro do particular Portugal, onde sabemos distinguir a palavra, a dúvida e o sonho. Inventou num mar de aparente solidão, uma nova forma de apresentar as palavras, de desenhar ideias de futuro construindo uma língua, uma literatura.
Ele somos todos nós. Aqueles que ele inventou nos quotidianos onde tantos seres particulares ganham a sua originalidade, a sua universal humanidade. Se há poeta, se há escritor, se há literatura ele é tudo isso. É a demonstração que um país é a sua cultura, a sua língua, as suas pessoas, a sua individualidade...
É o nosso maior poeta, o filósofo das partidas esquecidas e dos sonhos de conquista do infinito universo. Chama-se Fernando Pessoa, andou por aqui durante os milénios dos seus sonhos e faz hoje setenta e cinco anos que adormeceu. Continua a incomodar o real tão feito de aparentes compromissos de verdade e imaginação.
(1) Alberto Caeiro, "XLVI", Poesias - Heterónimos