sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

De peito aberto e espírito livre...


«Mas quem do quarto central avança para a varanda e vê, de frente, a praia, o céu, a areia, a luz e o ar, reconhece que nada ali é acaso mas sim fundamento, que este é um lugar de exaltação e espanto onde o real emerge e mostra o seu rosto e sua evidência.» (1)

Um Blogue de uma Biblioteca é uma plataforma de comunicação. A leitura só é um acto transformador quando lhe é possível contribuir para os momentos em que  a aventura humana se torna imortal. Pela sua natureza de humanidade, e por esse olhar preenchido com serenidade e sabedoria, em que nos tornamos parte de um conjunto.

Já aqui tínhamos falado dele. Da sua missão em ver em cada geografia territórios humanos e consolá-los o melhor possível. A sua cidadania exercida em territórios de desolação ou de pobreza são conhecidos. Olhando para  o seu projecto reconhecemos nele uma sabedoria de quem se dedica ao essencial, o rosto mais digno do real. A simpatia e a amabilidade como partes indissociáveis da humanidade.

Portugal não tem a tradição do espaço público de comunicação de ideias. A sociedade civil é pouco participativa, o nível de associativismo é ainda reduzido, o empenho social de muitos empresários é residual. O País  encostado a um tempo histórico parece refém da sua apatia e conformado com uma estagnação estrutural. Parece incapaz de participar no tempo da sua civilização. Nas palavras de Eça, «apenas existir».

A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República, anunciada hoje é uma notícia feliz. É a voz da cidadania exercida em tantas geografias que procura lutar por um País mais justo, com menos pobres, onde mais pessoas possam dar o seu contributo para o futuro. Mas, igualmente serem também mais felizes. Apesar das dificuldades que serão imensas, e que a classe política já vai dando conta,  este será um projecto que dignificará a participação cívica dos portugueses. A base de uma real Democracia constrói-se num diálogo efectivo e partilhado e no exercício de uma razão confiante.

(1) Sophia, Histórias da Terra e do Mar

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