quinta-feira, 1 de abril de 2010

«Nas Palmeiras da Voz»

«No nosso sangue existem mais ausências que glóbulos.» (1)

O desaparecimento físico de uma pessoa é sempre uma perda de um património pessoal, a destruição da humanidade que vive em cada um de nós. As palavras são aqui inúteis e por elas revelamos a nossa imensa fragilidade. A partida de uma pessoa é sempre uma limitação à nossa visão do futuro.

Uma pessoa, uma professora, uma colega subitamente deixou a voz do presente e partiu para esse local onde as máscaras de bronze vão aguardando os que chegam a esse pórtico inesperado, devorador do quotidiano.

Não serei o mais indicado para aqui deixar um testemunho. Apenas o conhecimento de meia dúzia de meses para descrever desajeitadamente breves traços, gestos, sorrisos, trajectos de um percurso de vida. Sinto que o devo fazer pela experiência humana.

Este testemunho, breve, frágil, desarrumado que aqui deixamos é o de alguém que deu muito de si. Aos outros, ao conhecimento de que gostava de partilhar. A breve e insuficiente memória é a de alguém que me pareceu preocupada com o trabalho, motivada pela descoberta formativa de novos horizontes de saber, concretizados pelos alunos.

As suas ideias de colaborar, ajuda mútua, partilhar, o que fez entusiasticamente com a Biblioteca é um dos sinais da sua memória que aqui fica e naqueles que a recordarem. Afinal, é na memória e no coração que nos resguardamos desse território infinitamente absurdo que é a morte.Chamava-se Ana Cristina Oliveira e certamente ficará na memória dos que a conheceram.
Flores à sua alma.


(1) António Lobo Antunes, «Uma Festa no Teu Cabelo»

Memória de Mário Viegas

Foi o maior actor da sua geração.
A palavra teve no seu rosto, na sua voz e expressão, a beleza do encontro e a imaginação de horizontes novos.
O Poema recebeu com o seu sorriso, as suas lágrimas e a suaenergia formas novas.
Ainda o estamos a ouvir com aquele ar encantado de miúdo.
Aqui. A sua memória, num poema de Eugénio.

(Imagem, in http://www.tintafresca.net)

Dia Mundial da Árvore (EB 2, 3 Mem Ramires)

(Trabalhos realizados, pelos alunos do 5º e 6º Anos, na Disciplina de Educação Visual e Tecnológica)




Centenário da República - Desenhos (3º/4ºD)

(Marco Matos)

(Bernardo Rhodes)

(João Pires)

Da Poesia - Profª Ana Oliveira

António Gedeão

É é igual a éme cê quadrado,
corpo em inércia, não está parado.

É massa vezes velocidade,
pois nada existe em repouso
nem esta imensa saudade.

Energia em combustão,
matematizada ao limite,
maçã gravitacional,
caída do espaço a pique.
Palavra vectorial
que acerta tangente ao arco,
poesia universal,
ancoradouro sem barco.
Viagem vertiginosa,
sem meio, princípio ou fim.
Mudança de estado perigosa
que se apodera de mim.
Poesia prependicular,
à recta que um Deus traçou,
explosão primordial
que em palavras rebentou.