«No nosso sangue existem mais ausências que glóbulos.» (1)
O desaparecimento físico de uma pessoa é sempre uma perda de um património pessoal, a destruição da humanidade que vive em cada um de nós. As palavras são aqui inúteis e por elas revelamos a nossa imensa fragilidade. A partida de uma pessoa é sempre uma limitação à nossa visão do futuro.
Uma pessoa, uma professora, uma colega subitamente deixou a voz do presente e partiu para esse local onde as máscaras de bronze vão aguardando os que chegam a esse pórtico inesperado, devorador do quotidiano.
Não serei o mais indicado para aqui deixar um testemunho. Apenas o conhecimento de meia dúzia de meses para descrever desajeitadamente breves traços, gestos, sorrisos, trajectos de um percurso de vida. Sinto que o devo fazer pela experiência humana.
Este testemunho, breve, frágil, desarrumado que aqui deixamos é o de alguém que deu muito de si. Aos outros, ao conhecimento de que gostava de partilhar. A breve e insuficiente memória é a de alguém que me pareceu preocupada com o trabalho, motivada pela descoberta formativa de novos horizontes de saber, concretizados pelos alunos.
As suas ideias de colaborar, ajuda mútua, partilhar, o que fez entusiasticamente com a Biblioteca é um dos sinais da sua memória que aqui fica e naqueles que a recordarem. Afinal, é na memória e no coração que nos resguardamos desse território infinitamente absurdo que é a morte.Chamava-se Ana Cristina Oliveira e certamente ficará na memória dos que a conheceram.
Flores à sua alma.
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