domingo, 17 de outubro de 2010

Do Reino da Simplicidade...

«Sobre o ranking das escolas, (...) digo apenas que a ele corresponde um grande título, [Como o Governo Sócrates ajudou a liquidar a escola pública].» (1)

Após anos de reflexão, o professor compreende o que os que viveram a desorganização da escola e a desconfiança absurda pelo seu trabalho foram sentindo quotidianamente. Uma figura destacada dos media, encontra aquilo que uma ideologia patrocinada pelos spin-doctors que viam no professor o inimigo de um sistema sentiram regularmente. Finalmente na virtualidade da televisão denuncia-se como uma ideologia que pretendia vender o sucesso como um direito absoluto, universal, indiferente ao esforço e ao compromisso. Sendo já um pouco tarde, é sempre caso para saudar tão perspicaz conclusão.

Desse Reino que nos foi vendido em sessões de part-time governativo, justamente a Finlândia alguns princípios que são efectivamente as causas do sucesso desse país nórdico, constatado nos testes da OCDE e do PISA: 

« - um currículo de nove anos abrangente para todo o grupo etário; 
  - O ensino é ministrado nas escolas perto de casa; 
  - Sem diploma, o certificado final apenas contempla o ter completado o currículo; 
  - Ensino, livros didácticos e materiais pedagógicos, transporte e refeições são gratuitos;
 - A educação básica inclui um ano de educação voluntária longa pré-primária numa escola ou centro de dia; 
 - As autoridades locais podem também fornecer actividades de manhã ou à tarde para alunos do ensino básico;
 - São fornecidos todos os necessários pré-requisitos para o ensino secundário;» (2) (3)

Acham que por aqui se compreende uma simplicidade destas? Tranquilidade nos espaços, rede efectiva de apoio diferenciado aos alunos, preocupação por aprender e compromisso pela responsabilização e avaliação dos procedimentos. Não é novidade. Já o sabíamos. Mas é sempre reconfortante alguém, figura destacada dos media nos vir animar com a confirmação das razões de um desastre que promove a desigualdade social e nos impede de sermos uma sociedade com reais e não aparentes oportunidades.

(1) Marcelo Rebelo de Sousa, Jornal da Noite, TVI, 17 de Outubro de 2010
(2) educar.wordpress.com


Dia Internacional da Erradicação da Pobreza


(Há dias, há realidades quotidianas que dispensam palavras pelo esmagamento a que seres humanos estão condicionados. Pelas oportunidades, pela educação, por aquilo que envolve as opções das sociedades. E há o cansaço de vermos cada vez mais pessoas nas sombras, onde o contributo delas e a consciência se destroem sem que esse direito mínimo seja garantido. Em Portugal há nove mil pessoas sem tecto e dois milhões de pobres. São o sinal mais visível do falhanço de uma comunidade.