segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Nascimento do Inverno



  O solstício de Inverno é um fenómeno conhecido há muitos séculos por diferentes civilizações. Sabemos hoje que ele representa na órbitra da Terra, um dos momentos em que na sua órbita, um dos seus pólos se encontra mais afastado do Sol. Desde tempos antigos que se celebra a sua ocorrência.
É mesmo a mais antiga celebração colectiva de um ritual, em que o homem procura interpretar o universo. Conhecido como o nascimento do sol indicava aos homens de diferentes culturas que se iniciava um novo ciclo de tempo. Notavam que a duração do dia e da noite se alteravam progressivamente até à chegada da Primavera, verificando-se que a altura do sol no horizonte era menor.
  Relacionando o Sol com a luz que dele vinha, aquele era a representação da divindade e da própria vida. As cerimónias comemoradas de modo diverso em diferentes civilizações exaltavam a alegria, o nascimento, onde os elementos florais, as frutas  e as danças eram pontos comuns. Em todos os continentes, dos egipcíos, aos maias, aos povos da Europa e da Ásia existem manifestações desta celebração do Inverno.
  A comemoração do solstício de Inverno perdeu o seu significado cultural durante a civilização romana. Apesar de ter integrado alguns destes ritos, no século IV, a festa do Sol foi substituída pela comemoração do nascimento de Jesus Cristo, o mensageiro de uma nova fé, o Cristianismo. Tornando-se a religião oficial do Império, o Cristianismo substituiu estes rituais e o Natal é de facto, como festa cristã a celebração do nascimento de Jesus Cristo numa data onde se comemorava um novo ciclo de tempo, o solstício de Inverno.
   Hoje, dia vinte e um de Dezembro, perto do meio-dia, iniciou-se esta nova estação, marcada pelo solstício.


  Imagem, in universoinimaginavel.blogspot.com

Leituras...


«E esperou-me tanto que ainda lá está, com a mão levantada, acenando-me. Naquele Tempo, naquele lugar indefenível onde se guarda o mais profundo e, talvez, o mais inexplicável da memória

 É de uma beleza tão simples quanto o podem ser os sonhos redigidos no imaginário das fadas, dos cisnes que voam sobre as varandas do céu, dos unicórnios que se passeiam na noite do vivido.
 É um livro autobiográfico, mas é sobretudo um canto de palavras a esse território pouco definível que é a primeira infância. No cenário da guerra civil de Espanha, uma família, mas sobretudo uma criança que voando nas velas de barcos imaginários, nos contos onde escondia os seus medos e onde transfigurava os seus dias.
 É um livro onde se sente como a infância é um teritório de magia, misterioso, nem sempre límpido, mas continuadamente maravilhado pelo que se vive, onde ainda as categorias racionais, as demasiadas palavras são um incómodo.
 É ainda um livro que acima de um tempo histórico nos dá a dimensão humana da solidão, da tristeza, mas também da simplicidade de olhar para a luz, para o céu, para os objectos do quotidiano, com os olhos maravilhados, afinal repõe a humanidade que pertenece ao próprio homem.
 É uma obra de arte porque nos transporta para um universo, um imaginário, onde pela inocência se buscam mundos novos. A sua beleza permite-nos viajar no tempo e voltar a recordar as manhãs em que os raios de sol espreguiçavam sobre a quarto, aberto à luz, entre aquelas árvores, e por onde ainda nos parece vir o cheiro de torradas e os gestos afectivos de quem nos acompanhava.
 É de facto uma obra-prima. Um livro que realmente «aquece o coração» e trata as emoções com a simplicidade que só as crianças conseguem.
Um livro a descobrir, a ler e a partilhar.