domingo, 13 de junho de 2010

Leituras...


«A aula de desenho tinha terminado, mas a Vera continuava colada à cadeira. A sua folha estava vazia...»

A partir da leitura deste clássico da literatura infantil de Peter H. Reynolds, desenvolveram-se algumas actividades de expressão plástica: o ponto, a cor e o significado que lhe damos. Alguns dos exercícios de cor produzidos na Biblioteca, na motivação à leitura, mas também ao incentivo de que é sempre possível concretizar uma ideia.





Qualquer coisa entre Nova Iorque e a Sé de Braga

«Que me importa o que serei? Quero é viver. Amanhã. Espero sempre um amanhã. E a vida é sempre uma curiosidade.» (1)

Nasceu em Braga em Dezembro de 1944, e há justamente vinte e seis anos que deixou de mostrar a sua irreverência, a sua elasticidade em tornar mais amplo o olhar. Ambicionou construir uma carreira musical no momento em que o País saía do cinzentismo do Estado Novo, ainda a descobrir novas possibilidades.

Autodidacta, quis construir uma ideia musical que ligasse a tradição e a modernidade. Interrogou na sua curta carreira e vida todas as inquietações que nos assombram. Foi um homem antes do seu tempo. Do tempo das limitações tecnológicas, mas que sabia construir com determinação, com curiosidade, com alma as ideias do quotidiano.

Chamou-se António Variações e vale sempre a pena recordá-lo.

Uma das suas mais belas músicas, em homenagem a todas as mães.

(1) António Variações - Quero é Viver

A Nossa Universalidade


(Já aqui falámos dele por diversas vezes. Mas é sempre insuficiente. Ele é um património muito acima do pequeno País que o viu nascer. Deu-nos a universalidade dos sonhos, das múltiplas capacidades, das contradições e limites da natureza humana. E inventou a Língua, no sentido em que deu às palavras significados próprios, de onde nasceram atmosferas desconhecidas. Nasceu há já cento e vinte e dois anos, em Lisboa e é um poeta do Mundo. Dois breves excertos da sua genialidade).

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é sombra
De árvores alheias. (...)

Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos Deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Fernando Pessoa, no seu heterónimo Ricardo Reis
«Para ser Grande», «Segue o Teu Destino»