(Nos quarenta e um anos da missão Apollo 11, em território lunar)
«Era um avez um menino que passava horas e horas namorando as estrelas. Ele morava muito longe, numa pequena cidade dos Estados Unidos, e à noite, quando a Lua cheia brilhava, nos céus da sua terra, o menino ficava imóvel, olhando o enorme disco prateado. Todos os seus colegas conheciam o seu grande sonho e, se alguém zombava dele, o menino, muito sério, afirmava: - Eu ainda vou até lá, vocês vão ver!
O tempo foi passando e o menino cresceu. (...) Casou-se, teve filhos e continuou a estudar, na tentativa de um dia poder realizar o seu velho sonho. Vezes sem conta, nas noites de luar, olhando para o alto, o menino, já com mechas de cabelos grisalhos emoldurando um rosto ainda jovem, pensava: - É... está longe, mas eu ainda vou até lá!
Algum tempo depois, o mundo acordou com a novidade. Em todos os jornais as manchetes eram as mesmas, a notícia corria de boca em boca: o Homem estava a chegar à Lua As televisões e as rádios de todo o planeta estavam sintonizadas para receber, ao vivo, as imagens e o som da realização do grande feito do ser humano, a meta da viagem espacial tripulada. Lá estava a escada do módulo reflectida em todos os écrans de televisão. Era o momento decisivo. Pouco a pouco desceu um vulto todo branco, ensaiou os primeiros passos no solo lunar e, finalmente, soltou-se da escada, caminhando pelo chão do satélite da Terra.
Ali, naquele instante histórico, parado, fitando o globo terrestre, não estava o oficial experiente e supertreinado, não estava o cientista nem o astronauta: quem estava ali, com a voz embargada de emoção, era o menino Neil, Neil Armstrong, o menino que sonhava com a lua.»
in Benedito Polch, Experiências de Comunicação e Expressão