quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A Estrela




«Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez a viesse a dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia-lhe ficar bem, no cabelo.


De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama como todos os dias, a mãe levou a luz, mas ele não dormiu. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que o pai e a mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para a rua. A janela era baixa. Mas memso que não fosse. Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras quando era o tempo dos ninhos, para ver os ovos ou aqueles bichos pelados, bem feios, com o bico enorme, muito aberto. (...) Assim que se viu na rua, desatou a correr pela aldeia fora até à torre, porque o medo vinha a correr também atrás dele. Mas como ia descalço, ele corria mais. A igreja ficava no cimo da aldeia e a aldeia fica no cimo de um monte. De modo que era tudo a subir. Mas conseguiu - e agora estava ali. Olhou a estrela para ganhar coragem, ela brilhava, muito quieta, como se estivesse à sua espera. E de repente lembou-se: se aporta estivesse fechada?»


in, Vergílio Ferreira, A Estrela, Quetzal
(na noite em que procuramos a estrela, capaz de nos iluminar)
Imagem, in Laura David, Star_Collecting

Mensagem de Natal




(O texto já tem um ano, mas vale a pena lê-lo, pelo contexto social que nos continuar a rodear.)


Jesus, presente no nosso Natal

« À nossa volta, desde há muito tempo, somos inundados por inúmeras solicitações para comprarmos presentes. Os melhores. Os mais caros. Os mais...
Como se o Natal se reduzisse aos presentes. Presentes caros num País onde a erradicação da pobreza nos havia de mobilizar. Presentes objectivamente inúteis.
De uma inutilidade gritante. Presentes desnecessários. Presentes falsamente tradicionais.
Feitos em série. E vindos de países em que a mão-de-obra barata os aproxima de produtos obtidos em regime de escravatura.
Ontem «não havia lugar para eles na hospedaria» (Lucas 2:7). Hoje, num Natal assim, parece que continua a não haver lugar para Ele. E, afinal, o verdadeiro Natal é o de Jesus. Mais. Ele é o verdadeiro presente do nosso Natal.
E, com Jesus presente na nossa vida, podemos viver a nossa vida como presente. na relação com os outros.
Boas festas de Natal! Com Jesus Presente!»


Padre José Manuel, (Texto retirado do editorial da Revista Lux., Dezembro de 2008)
(1) Imagem, a Natividade, quadro de Josefa de Óbidos

Decoração de Natal...















(Trabalhos realizados por alunos na decoração da EB 2, 3 Mem Ramires  e EB1 dos Leões)

E_Book (No sonho do real imaginado)



De Sílvio Maltez, emprestado do alfinte2008.blogspot.com