quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Nossa Casa - O Planeta Terra





Imagens, in  http://www.nasa.org

Dia Mundial da Terra (II)

É preciso nos quarenta anos da celebração do Dia da Terra entender, alertar, denunciar a degradação dos ecosistemas, a destruição de vastas zonas do planeta, vítimas de um consumismo impossível de continuar e desajustado às necessidades essenciais da comunidade humana que habita o Planeta.

É fundamental reflectir sobre um caminho sem regresso para imensos locais que são a memória geológica e botância que assim se perdem.

É indispensvel compreender os limites que a utilização dos recursos permitem e não ficar indiferente à morte de rios, ao desaparecimento de espécies vegetais, animais e rejeitar a oferta que alguns nos querem dar, de museus amorfos de qualquer coisa que existiu. Não é verdade que uma montanha, um vale, se possam aprisionar em quatro paredes. Não é verdade que ao desaparecerem formas de vida se possa estar a defender a biodiversidade.

Importa pois desenvolver uma consciência ecológica que permita construir uma sociedade humana mais perto do essencial, mais de acordo com as verdadeiras necessidades dos que aqui habitam e mais perto das possibilidades de cada País em utilizar recursos e em produzir resíduos. É essencial que a sociedade seja menos assimétrica entre os que muito têm e os que pouco têm e sobretudo o luxo como sinónimo de ter, seja mais racional, mais coerente.

O presente, sinónimo de um presente possível, necessita de uma atitude global que seja activa por limitar desperdícios, por aceitar as possibilidades de desenvolvimento de todos e não apenas de alguns, que no altar da modernidade impoêm gestos e atitudes não creditadas pelo bom senso e de consequências muitas vezes irreparáveis. Só o empenho de todos poderá fazer melhorar o Habitat da Terra das ameaças que sofre em escala cada vez maior.

Dia Mundial da Terra (I)

(É um texto muito conhecido e divulgado e faz eco de uma sabedoria selvagem, a que nós civilizados não conhecemos. Há já vários séculos houve quem soube compreender que a Terra é um berço de vida, onde é necessário respeitar a memória e o património, sinónimos de um desenvolvimento humano equilibrado. Aqui fica um excerto dessa sabedoria que nós, modernos, não sabemos entender.)

«É possível comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal ideia é estranha para nós. Se não possuímos a frescura do ar e o brilho da água, como podem comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para o meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada areia da praia, cada bruma nas densas florestas, cada clareira e cada insecto a zumbir são sagrados na memória do meu povo. (...)

Deste modo, quando o Grande Chefe manda dizer que quer comprar a nossa terra, ele pede muito de nós. (...) Assim, consideraremos sua oferta de comprar a nossa terra. Mas não será fácil, pois esta terra é sagrada para nós. Esta água brilhante, que corre nos riachos e rios, não é somente água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada e devem ensinar às vossas crianças que ela é sagrada, e que cada reflexo do espírito, na cristalina água dos lagos, revela acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, eles saciam a nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos a nossa terra, vocês devem lembrar-se e ensinar às vossas crianças que os rios são nossos irmãos, e vossos também, e que devem, daqui em diante, dar aos rios a bondade que dariam a qualquer irmão. (...)

A terra [para o homem braco] não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, continua simplesmente seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus pais. E não se importa. Rouba a terra de seus filhos. E não se importa. As sepulturas de seus pais e os direitos de seus filhos são esquecidos.
Trata sua mãe, sua terra, seu irmão, como coisas para serem compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou contas coloridas. Seu apetite devorará a terra e deixará somente um deserto.

Não há lugar calmo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar para escutar o desabrochar das folhas na primavera ou o bater das asas de um insecto. Mas talvez seja porque sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece apenas insultar os ouvidos. E o que resta da vida, se o homem não pode escutar o choro solitário de um pássaro? (...) Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. (...) É o fim da vida e o começo de uma sub-vida. (...)

Guardem, na memória das suas almas, como era esta terra quando vocês se apossaram dela. E com todas as vossas forças, com todas as vossas almas, com todos os vossos corações, preservem esta terra para as vossas crianças, e a amem como Deus ama a todos, uma coisa nós sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é preciosa para ele. Mesmo o homem branco não pode estar isento do destino comum. Apesar de tudo, podemos ser irmãos. Veremos.»

Excerto do Chefe Seattle (1885), in Por Fim Talvez Sejamos Irmaõs
Imagem, ALessandra Fuis, LA Terra, Casa
in, http://alessandrafusi.carbonmade.com/