domingo, 1 de novembro de 2009

In Memoriam - António Sérgio



«(...) Onde os meus gestos são gaivotas que se perdem / Rolando sobre as ondas, sobre as nuvens.» (1)

   As sociedades humanas são feitas por pessoas que apostam em nos despertar para novos caminhos, onde a beleza, a poesia e a imaginação são elementos de uma vida que se procura mais bela e livre. São estas vozes que importa destacar, muito acima da mediatização de certas figuras que inundam o espaço público de comunicação com palavras vazias, contemplando a ambição cinzenta do poder. 
    António Sérgio foi uma dessas vozes que procurou colorir o nosso quotidiano com sons novos, alternativos e de uma dimensão moderna. Homem da rádio, foi animador com ideias próprias de sucessivos projectos onde o som, o ritmo e as palavras foram sugeridas de um modo criativo e inteligente.
   A geração que foi adolescente entre os finais da década de setenta e os anos oitenta lembrará a sua voz e os seus programas de rádio, na Comercial, na XFM e na Radar. O Som  da Frente ou a Hora do Lobo apelaram a essa diferença na música e no fundo na vida. A sua voz grave e intimista convidavam-nos a habitar uma atmosfera que soube romper com o mediano gosto que em tantas estações proliferaram. 
  Foi nesse sentido um homem que abriu caminhos num País cinzento, ainda  a romper com o fechamento de décadas. A esses tempos de memória e ao seu papel formador aqui deixamos o nosso reconhecimento. Obrigado António.


(1) Sophia in Coral, Caminho

Lembrar Jorge de Sena



 Eternidade

 «Vens a mim
pequeno como um deus,
frágil como a terra,
morto como o amor,
falso como a luz,
e eu recebo-te,
para a invenção da minha grandeza,
para rodeio da minha esperança
e pálpebra de astros nus». (1)


Nasceste agora mesmo. Vem comigo.


   Nasceu a 1 de Novembro de 1919, justamente há noventa anos. Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX. Inconformista com o estado anímico do País construiu a palavra em redor do amor e da liberdade de uma forma original e comprometida.
   Escreveu poesia, ficção, foi tradutor e investigador e viveu exilado do País, mas sempre com a inquietação de querer contribuir para mudar a floresta que ao longe se vê sempre melhor. Regressou postumamente este ano à pátria das suas palavras.
    O Centro Cultural de Belém promove hoje uma sessão de leitura de textos seus e a projecção do filme Sinais de Fogo, numa cerimónia chamada Senna, Alguns Sinais. Para os interessados aqui fica o programa.

Imagem, in http://www.ccb.pt
(1) Jorge de Sena, in Perseguição

Hello Kitty



   Nasceu há trinta e cinco anos, justamente a 1 de Novembro de 1974, pela mão de Ikuko Shimizu parta decorar uma pequena carteira para moedas. A gata mais conhecida do mundo apareceu desenhada de uma forma original, com dois pontos a substituir os olhos e um nariz semelhante à forma de uma elipse amarela.
   Tornou-se sinónino do que os japoneses chamam Kawaii, quer dizer fofinho. Nos anos setenta não teve muita adesão em Portugal, mas na última década os produtos mais variados têm expandido a imagem a um ponto que se tornou um império comercial. Há ideias que se conseguem transformar em imagens a que milhões aderem.