(Já aqui falámos dele por diversas vezes. Mas é sempre insuficiente. Ele é um património muito acima do pequeno País que o viu nascer. Deu-nos a universalidade dos sonhos, das múltiplas capacidades, das contradições e limites da natureza humana. E inventou a Língua, no sentido em que deu às palavras significados próprios, de onde nasceram atmosferas desconhecidas. Nasceu há já cento e vinte e dois anos, em Lisboa e é um poeta do Mundo. Dois breves excertos da sua genialidade).
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é sombra
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Fernando Pessoa, no seu heterónimo Ricardo Reis
«Para ser Grande», «Segue o Teu Destino»
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