quarta-feira, 31 de março de 2010

Centenário da República - Desenhos (4ºC)

(Márcia Luís)

(Matilde Pereira)

(Eduardo Matos)

terça-feira, 30 de março de 2010

Vincent - «Cumprimentar o Pensamento»

«Os ciprestes ocupam-me constantemente, gostaria de fazer deles alguma coisa semelhante às minhas pinturas de girassóis, pois admira-me que ainda não tenham sido pintados como eu vos vejo. Nas linhas e nas proporções são tão bonitos como um obelisco egípcio. E o verde é um tom fino muito especial. É a mancha negra numa paisagem batida pelo sol, mas é um dos mais interessantes tons negros; todavia, não, posso pensar em nenhum outro que seja mais difícil de obter. Tem de se ver os ciprestes aqui contra o azul, para dizer melhor, dentro do azul» (1)

(1)

(2)

(3)

(4)

(1) - Carta ao Irmão Téo - 1891
Imagens:
1 - (A Noite Estrelada), 1889, Saint-Rémy
(Metropolitan Museum of Art)
2 - Barcos de Pesca, 1888,
(Van Gogh Museum, Amesterdão)
3 - Campo de Trigo com Corvos, Auvers, 1890
(Amsterdão Rijksmuseu Vincente Van Gogh)
4 - Caminho de Ciprestes, Saint-Rémy, 1890
(Rijksmuseum Kröller-Müller)

No Nascimento de Van Gogh


Quando vim para cá esperava que fosse possível criar amantes da arte – até agora não fiz nem um centímetro de progresso no coração das pessoas. (…) Mas até agora a solidão não me incomodou muito; encontrei um pôr do sol mais forte e seu efeito na natureza mais interessante.” (1)

Seria necessário algum espaço e muito talento para exprimir com profundidade a vida, o sonho, a consciência, as dificuldades, as ingratas opressões do quotidiano e a arte genial de um dos mais importantes artistas do século XX. Justamente, Vincent Van Gogh.

A Royal Academy of Arts de Londres tem patente uma exposição que junta alguns dos quadros do mestre holandês com as cartas que ele deixou ao seu irmão Téo e onde compreendemos a dimensão imensa de um homem e de um criador de arte.

Na biografia de Vicent o mais importante são as suas telas, a sua atitude para afirmar a sua consciência no quotidiano de dificuldades, a sua luta por uma sanidade mental que tantas vezes lhe escapou da mão. A sua vida de apenas dez anos de pintura deixou-nos uma obra vasta e rica na emoção e nos sentimentos que quis exprimir.

Na verdade, a arte para Van Gogh era a expressão de uma emoção, a transmissão de uma ideia de beleza. Sendo a realidade de uma evidência que se revela por si mesma em grande imponência, a arte deveria saber representá-la como uma ideia, uma palavra bela e significativa. A Luz, como um imenso sol de cor dourada, impregnando o real de emoção.

As cartas agora desvendadas num trabalho de investigação de quinze anos realizado pelo Museu de Amsterdão que dará lugar à publicação em livro, reflectem um homem diverso, muito distante da imagem que alguns lhe deram, de dominado pela loucura.

Ao contário, elas revelam, que apesar de envolto pela paixão de conter a cor dentro de si e a exprimir também lutava por afirmar racionalmente as etapas de uma vida feita de arte e de ser humano. Para os interessados nas criações de Vincent, fica aqui um recurso disponibilizado pelo Museu de Amsterdão.

(1) Carta ao irmão Téo

Centenário da República - Desenhos (4ºB)

(Ana Carolina Mendonça)

(Joana Mendes)

(Francisco Castela)

sábado, 27 de março de 2010

A Hora do Planeta


Pensada em Sidney em 2007 a Hora do Planeta tornou-se uma medida e uma campanha de sensibilização para com os problemas relacionados com as alterações climáticas e a utilização mais racional das fontes de energia. Durante uma hora, marcada para as vinte e trinta deste dia, vinte e sete de Março, vamos participar nesta ideia de poupar um pouco o futuro de um Planeta indispensável à vida. 

Dia Mundial do Teatro (II)



No Dia Mundial do Teatro não é essencial expôr a essência da arte de representar. Como ela é feita de suor, dádiva, luz a que os fenómenos de mercado não permitem envolver nestes tempos em que parece cada vez mais difícil assegurar a diversidade na escolha.

No Dia Mundial do Teatro não é insispensável falar da falha de objectivos em relação a actores, a projectos municipais de participação das pessoas, à ridícula existência de actividades de Teatro nas escolas como opção formativa. No seu papel para alargar horizontes ou enriquecer a personalidade e respectivas capacidades. Não é essencial.

No Dia Mundial do Teatro não é importante remontar à cultura clássica e salientar a evidência da procura do alimento espiritual para convocar a acção dos homens, desenvolver a compreensão dos valores que pela coragem e liberdade permitem atingir novas perguntas. Não é essencial focar mais uma vez essa tentativa de reencontrar um fundo espiritual. Além do mais o imediatismo mais prático não necessita destas ferramentas.

No Dia Mundial do Teatro deixemos uma só, livre e encantada palavra pela sua matéria-prima, o actor. Acima das cerimónias oficiais, a palavra, o sentido, a gratidão do sonho e do cansaço. É uma simples opinião, mas ele é, foi, talvez seja O Teatro.

Nasceu, cresceu e viveu no palco, personagens múltiplas, dádivas em pele por uma humanidade que ofereceu em sorrisos tímidos e palvras de inconformismo. Viveu o futuro, com inspiração e fez das palavras sons de emoção onde nos encontrámos com os momentos de pequenez e grandeza de que somos capazes. Apesar do tempo a sua imagem, os seus gestos, as suas palavras, o seu espírito revela-nos esse ocaso de «poeira cósmica» que parece ainda ser possível desvendar na humanidade.

Chama-se Mário Viegas e foi o actor. Abaixo um excerto de Serenidade, que ainda parece audível na gravidade doce da sua voz.

«Vem, serenidade!
Vem cobrir a longa
fadiga dos homens,
este antigo desejo de nunca ser feliz
a não ser pela dupla humanidade das bocas.
Vem serenidade!
Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os lábios cheguem à altura dos beijos. (...)
Vem serenidade,
vem com a madrugada,
vem com os anjos de oiro que fugiram da Lua,
com as nuvens que proibem o céu
vem com o nevoeiro. (...)
Vem, serenidade,
não apagues ainda
a lâmpada que forra
os cantos do meu quarto,
papel com que embrulho meus rios de aventura
em que vai navegando o futuro.(...)
Ajuda-me a cumprir a missão de poeta,
a confundir, numa só e lúcida claridade,
a palavra esquecida no coração do homem.»(...)

in, Raul de Carvalho, «Serenidade És Minha»
Imagens, Teatro São João no Porto

Dia Mundial do Teatro (I)

Poema Acto III

«O actor acende a boca. Depois os cabelos.
Finge as suas caras nas poças interiores.(...)
Ninguém ama tão desalmadamemte 
como o actor.
O actor acende os pés e as mãos.
Fala devagar.
Parece que se difunde aos bocados.
Bocado estrela.
Bocado janela para fora
Outro bocado gruta para dentro.
O actor toma as coisas para deitar fogo
ao pequeno talento humano.
O actor estala como sol queimado.

Sorri assim o actor contra a face de Deus.
Ornamenta Deus com simplicidades silvestres.
O actor que subtrai Deus de Deus, e
dá velocidade aos lugares aéreos.
Porque o actor é uma astronave que atravessa
a distância de Deus.
Embrulha. Desvela.
O actor diz uma palavra inaudível.
Reduz a humidade e o calor da terra
à confusão dessa palavra.
Recita o livro. Amplifica o livro.
O actor acende o livro.
Levita pelos campos como a dura água do dia.
O actor é tremendo.
Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor.
Como a unidade do actor. (...)

Ninguém ama tão corporalmente como o actor.
Como o corpo do actor.
Porque o talento é transformação.
O actor transforma a própria acção
da transformação. (...)
Ninguém ama tão publicamente como o actor,
Como o secreto actor.
Em estado de graça. Em compacto
estado de pureza.
O actor ama em acção de estrela.
Acção de mímica.
O actor é um tenebroso recolhimento
de onde brota a pantomina.
O actor vê aparecer a manhã sobre a cama. (...)
O actor vê fulminantemente
como é puro.
Ninguém ama o teatro essencial como o actor.
Como a essência do amor do actor.
O teatro geral.

O actor em estado geral de graça.»

in, Herberto Hélder, «Poema III»
Imagem, in creazeitao07.blospot.com
(Sendo uma opção a evitar pela sua dimensão de canto único e belíssimo, optámos por seccionar algumas partes do poema, apenas pela sua extensão e pelo público diferenciado que partilha este Blogue. )

quinta-feira, 25 de março de 2010

Centenário da República - Desenhos (4ºA)

(Gonçalo Faro)
(Matilde Duarte)
(Miguel Branco)

terça-feira, 23 de março de 2010

Na Memória de Akira Kurosawa

(Como inscrevemos a realidade nos sonhos e os retemos no nosso olhar, perante a fragilidade do mundo e as dificuldades de assumir os valores da coragem e da lealdade? Em oito histórias que se unem pelas dificuldades existenciais vividas pelo Homem, existe algum tempo, algum local onde o seu coração possa ter o encontro com a felicidade? Akira Kurosawa no seu brilhante filme Dreams interroga-nos sobre a natureza da condição humana. Recordamo-lo aqui num excerto em que revisita a pintura de Van Gogh, no conto Corvos. O mestre do cinema japonês celebra hoje cem anos do seu nascimento).

Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha


A Ilustração, alguém disse que é a primeira visita a uma obra de arte que uma criança tem acesso. Nesse sentido hoje o livro infantil vive de uma riqueza, que aqui busca a simplicidade nas ideias apresentadas e nas imagens criadas para a ilustração de uma história, de um sonho, de uma aventura. A de conhecer o mundo, nas suas mais diversas referências, sejam naturais ou culturais.

Há já quarenta e sete anos que Bolonha recebe a mais importante feira do Livro Infantil, onde vários autores, de diferentes continentes apresentam as suas propostas. A Direccção Geral do Livro e da Biblioteca participa na divulgação de autores de nacionalidade portuguesa. A editora Planeta Tangerina terá um destaque especial, na promoção das obras que tem editado em Portugal.

Divididos entre as diferentes secções de Ficção, Livros de Histórias, ou contos de fadas ilustradas e Não Ficção, que integram livros referentes a todas as áreas do conhecimento, New Horizons, para os mercados de publicação dos países árabes ou da América Latina e Opera Prima, para os escritores que se iniciam na publicação, deixamos aqui a mostra dos livros premiados.



segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia Mundial da Água

Da autoria do estúdio Ajubel. Emprestado de bibliocolors.blogspot.com

domingo, 21 de março de 2010

A luminosidade de um tempo mágico

(Chama-se Joanna Newsom e pareceu-nos o mais próximo para cantar a descoberta e a magia da Primavera. Da sua luz e brilho, a magia na voz de uma artista que como disse o Público é de uma jovem de um outro Planeta, de um outro mundo.

Das Montanhas Rochosas, na América natural, o som dos pássaros e dos ribeiros onde se escuta a respiração do cosmos, a nossa fantasia e onde entre emoção e beleza se descobre aquilo que a tecnologia certamente não será capaz de transmitir, a individualidade espiritual das culturas.

Joanna cresceu. Continuamos sem resolver essa grande dificuldade, da voragem do tempo. Milk Eyed Mender é a obra-prima desse começo, dessa proximidade com a Natureza que nos adivinha uma aventura de encanto. A ouvir. De preferência a olhar para as estrelas.)

No Dia Mundial da Poesia (Profª Ana Cª Oliveira)



José Carlos Ary dos Santos

Poeta à solta,
fuga, certeza,
palavra, grito


escrita à pressa
sobre a mesa.

Poeta fado,
estrela da tarde,
amante em dor
dum coração
que ainda arde.

Poeta só,
caudal de esperança,
revolta, fúria,
bandeira acesa
da mudança.

Dia Mundial da Poesia

Poeta

O poeta é igual ao jardim das estátuas
Ao perfume do Verão que se perde no vento
Veio sem que os outros nunca o vissem
E as suas palavras devoraram o tempo (1)

Hoje, 21 de Março celebra-se o Dia Mundial da Poesia. A poesia é, como o pensava Sophia a celebração do mundo em si, a descoberta e compreensão da beleza das coisas reveladas. Joan Margrit chamou-lhe «a última casa da Misericórdia». Uma forma sublime de recanto, de refúgio onde podemos reordenar o que sentimos e dar consistência humana à desordem que tantas vezes nos rodeia. A poesia permite-nos olhar para o mundo, para o real, o ausente dos dias com as palavras dos outros, mas com as nossas referências de alegria, trsiteza ou entusiasmo. Afinal recolher nas horas quem saiba connosco «enfrentar a imagem límpida do mar». (2)

Sophia, «O Poeta», «Prece», in No tempo Dividido

sábado, 20 de março de 2010

Bem-vinda Primavera


(A Flor de Lavanda Branca)

FLORES

Era preciso agradecer às flores
Terrem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura


Sophia, No Tempo Dividido
Imagem, in olharfeleliz.typepad.com

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ainda se morre nas penumbras da voz

«Nada podeis contra o amor,
contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco.» (1)

Um pobre trabalhador morreu nas prisões de Cuba. Lutava por melhores direitos, pela ausente liberdade. Foi há algumas semanas, soube-se agora. A morte de um homem é sempre uma humanidade inteira que se distancia do nosso olhar. Teria sido evitável. Pouco se fez. Nos meios de uma esquerda sempre pronta a levantar a sua indignação por tantas atrocidades da economia global, não ouvimos nada.

Os mais líricos continuam a ver na promissora Ilha do Atlântico o futuro dos dias a conquistar, sem a dignidade que se exige à aventura humana, sem o compromisso com a verdade. Não a subjectiva, mas aquela que respira o coração do homem, no contacto com a História e com o futuro.

A revolução não é esta ilusão do olhar, esta desumanidade para com os mais desfavorecidos, esta ausência de grandeza, este mundo de medo. É como o disse Sophia, o acto de construir «a partir do dia limpo, do fundamento», na procura de uma forma justa. Como longe estamos de um mundo de direitos universais.

(1) Eugénio de Andrade. «Frente a Frente».
(2) Sophia, Obra Poética III

quarta-feira, 17 de março de 2010

Leituras... Teoria da Viagem

«Se escavarmos as nossas memórias de infância lembramos primeiro caminhos, e depois coisas e pessoas - carreiros no jardim. O caminho para a escola, o percurso em volta da casa, áleas por entre fetos e erva verde.» (1)

Toda a nossa história humana se construiu em redor desta escolha, que todos fazemos, entre o desconhecido, a miragem da geografia, o cansaço do corpo nos trilhos do vento e o lugar fixo, sedentário.

Entre pastores e camponeses, entre a Geografia e a História, a dúvida no amanhecer e a certeza em todos os dias, eis a escolha que a condição humana tem feito. No essencial, a viagem.

Ela é a marca impressiva, o pergaminho que nos dá o reconhecimento do que somos, a verificação das capacidades individuais nos momentos em que o real, o quotidiano é desordenado pelo azul do céu, o verde das florestas ou o castanho poente do deserto. Poucas coisas, raras, são as que nos dão a oportunidade de fazer a descoberta interior, como as que encontramos nos tons da aurora e do crepúsculo, na brancura das nuvens, na descida de um rio ou na subida íngreme de um trilho de montanha.

É na Geografia que descobrimos a multiplicidade do que somos, tão difícil de explicar. É ela que nos permite o nosso irregular talento por criar a originalidade humana. Perante a dimensão do natural conseguimos exprimir melhor as emoções que numa sociedade civilizada tem demasiados obstáculos ao sentido do ser.

Michael Onfray escreveu um livro fascinante sobre a viagem, as motivações dos viajantes, o desejo de encontro nos vastos espaços, a cartografia do mundo no encontro com a memória e com a palavra.

Um livro que nos faz descobrir como o viajante encerra em si uma liberdade capaz de discutir as certezas dos que vivem instalados num real conhecido, previsível e domesticado pela razão e pelo conforto. As culturas, os homens que na História ousaram construir sob o tempo social, um outro, mais individual, subjectivo, emocional, guiados pela Natureza e seus ritmos conseguiram chegar ao encontro único. Aquele que podemos fazer com nós próprios, num movimento finito, que apesar da mortalidade nos permita comportar como «fragmentos da eternidade» (2)

(A seu tempo aqui deixaremos imagens, tons, palavras desse universo capaz de nos fazer sentir e viver de uma forma única, talvez mais verdadeira. A Viagem)

(1) Bruce Chatwin, Anatomia da Errância
(2) Michael Onfray, Teoria da Viagem