sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

As eleições do dia 23 de Janeiro


«A democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade na restrição e servidão.» (1)

Dentro de dois dias realiza-se a eleição para a presidência da República. É um acontecimento importante, apenas à nossa irrelevante dimensão de País onde a dignidade das pessoas, a sua felicidade e a sua decência são um apêndice sempre à espera da lucidez ausente. A formulação das sociedades democráticas estão pensadas desde o século XVII. Continuamos, todavia a esquecer o essencial de Montesquieu, Tocqueville ou dos que nos ensinaram que sem uma comunidade de pensamento e acção, a Democracia é só uma servilidade.

Pode um país existir, quando as que se julgam elites confundem a soberania da Nação, com os jogos de oportunidade políticas, calculando apenas os ganhos e nunca a ética das atitudes, os compromissos subscritos ou os valores defendidos?

Pode um País, como conjunto activo de pessoas e instituições ser, mais do que apenas existir, como um um projecto de sociedade que concebe afirmar-se, conceder oportunidades de crescimento e felicidade aos que nele habitam?

Pode um País merecer o presente das ideias novas que o podem fazer desenvolver, quando a palavra, o contrato eleitoral é irrelevante na representatividade da comunidade? O País que se observa nos celulóides, o que existe nos écrans de flahes rápidos, nos ousados comentários dos esclarecidos comentadores deu corpo a esta formulação de uma campanha vazia de ideias, ausente de valores críticos e despida de projectos.

O governo da cidade, não é, já não é uma formulação de princípios para o bem comum. Os agentes da Pólis actuam, convergem apenas por si próprios. Há uma imensa, gritante falta de asa de voo para regular os dias com esperança e dignidade. A realidade revela nesta latitude não ter imaginação para repensar o valor dos dias. Na manhã do dia vinte e quatro de Janeiro estaremos no exacto momento que a espuma dos dias vem reforçando. Um País ausente de si próprio.

Teremos sempre a nossa individualidade, a cultura expressa nas formas artesanais do pensamento e aquela certeza de que "quando um amigo nos traz amoras bravas, os muros das casas ainda parecem brancos e afinal reparamos que também aqui, no meu País o céu é azul."(2)

(1) Alexis de Tocqueville, Da Democracia na América
(2) Eugénio de Andrade, Antologia Poética

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