"O fraco rei faz fraca a forte gente(...)" (1)
Os dias apresentam-se difíceis, cada vez mais visíveis na incapacidade de ser algo verdadeiramente decente. Um País que gastou milhares a consagrar as instituições soberanas da causa republicana, mãe das causas sociais e políticas do progresso humano e dos direitos sociais está perante a sua figura com a lucidez de sombras.
Não é verdade que um País, um homem, uma sociedade integre, viva o seu tempo. As instituições são o cimento da coesão da sociedade e o sistema político, se verdadeiro, se íntegro para com a sua função de serviço público não pode ser o refúgio, a justificação dos que na estabilidade, na permanência tornam toda a comunidade apaticamente passiva de uma crise moral.
Sem memória da história, entregue a uma Europa de burocratas que pensavam ser possível criar uma federação de estados sem qualquer constrangimento, apenas com a benevolência financeira da Alemanha, o País está mergulhado numa crise moral, onde qualquer direito é negociável e qualquer atitude usurária do bem público uma fatalidade. Os últimos anos foram a preparação desta crise onde o poder executivo e toda a sua justificação foi feita «à custa da credibilidade das instituições».(2)
Vive-se em Portugal, na casa das instituições do estado com a solidez da guarda pretoriana. A soberania já não é um valor de credibilidade ou de justeza. É possível estabelecer um contrato eleitoral e fazer o seu contrário. Como pergunta Helena Matos, «pode um pequeno país, entre as limitações da geografia e os azares da História sobreviver à incerteza de uma conduta que confunde a verdade com a inverdade?».(2)
É na fronteira da indignação que a greve do próximo dia vinte e quatro nos conduz. A resposta sendo pessoal deve-nos fazer reflectir contra este pensamento mágico que nos adormece sem brilho, nem graça.
(1) Luís de Camões, Lusíadas (Canto III)
(2) Helena Matos, Público (18 de Novembro de 2010)
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