sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

George Orwell


Foi um dos escritores que mais influenciou o século XX. Deixou há sessenta anos (feitos ontem) uma obra importante que soube diagnosticar a tragédia humana que representou o século XX em tantas geografias. De «A Quinta dos Animais», entre nós, «O Tiunfo dos Porcos», a 1984, a sua obra traçou, como uma alegoria, os mecanismos do desprezo pela humanidade que marcaram significativamente o século passado.

Orwell, demonstrou com clareza, como o controle da informação, o apagamento da memória, a destruição de uma consciência humana, a ausência da individualidade, o apagamento da espiritualidade construiram regimes inquietantes, feitos de angústia e sofrimento de dimensões indescritíveis. Revelou nas suas páginas, o que muitos respeitados intelectuais não souberam verificar, quando as marchas de paz no Mundo, eram a expressão armadilhada de uma doutrina de tirania.

No início deste século XXI, num tempo que assistiu à difusão de regimes democráticos, as suas palavras têm ainda alguma pertinência? A sociedade e o mundo alteraram-se de diferentes formas, mas a promessa de uma humanidade «feliz», onde a dignidade seja respeitada continua por construir. Ao poder esmagador dos estados autoritários do século XX, assiste-se pela fragmentação dos poderes tradiconais à mesma limitada oportunidade que o indivíduo tem em garantir a sua voz de individualidade.

As transformações tecnológicas têm contribuído para isolar o indivíduo, pelo controle quase de ubiquidade que as máquinas permitem e pelo tempo desperdiçado na sua aprendizagem que nunca poderá ser de igual riqueza ao que se dispende a alimentar o conhecimento dos outros. Sendo o tempo uma realidade tão preciosa, a evolução económico-social tem garantido a liberdade humana, nas instituições que devem garantir a Democracia? Tocqueville há dois séculos lembrou que para as sociedades democráticas, as que respeitam a identidade humana, o mais perigoso é que «no meio das pequenas ocupações incessantes da vida privada, a ambição perca o seu ímpeto e a sua grandeza.» (1)

(1) Alexis de Tocquevil, Da Democracia na América
Imagens, in http://blogs.telegraph.co.uk

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