no livro de bolso.
Uma esquina de segredos que eram a meias
e se escapavam num rasgão,
naquele desencontro ou noutro. Tenho
uma cidade inteira no bolso e levo escondidas
no casaco noites como aquela em que à conta de
atravessarmos as árvores e arrancarmos raízes,
trocámos os cheiros da terra por histórias
para dentro
no lugar dos botões.
Tenho uma cidade de costuras
Tenho uma cidade de costuras
pouco urbanas,
de buracos remendados com má caligrafia. Tenho
de buracos remendados com má caligrafia. Tenho
vírgulas gastas, travessões que ninguém quer
a pontuar os encontros nas ruas, quando
destas ruas ainda se faziam margens
para nos esperarmos uns aos outros.
Tenho uma aldeia que se ergue à altura dos olhos
e contorna rotundas com alfinetes de betão.
Tenho uma cidade no bolso
de contrabando.
Minês Castanheira, Inter-cidades, Letras e Coisas
Imagem, in Pinzelladasalmón
Imagem, in Pinzelladasalmón
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