De Mário Viegas as palavras serão sempre poucas, raras, marginais para descrever a entrega a elas e à poesia. Raras para o assombro da voz, a plasticidade do rosto, a expressão dos olhos, a fúria por aquilo que consome o actor e o que o faz amar, em múltiplas cabeças, o que o torna humano e universal, quando "ornamenta Deus com simplicidades silvestres". (1)
Dele ficará sempre a doçura e a raiva na voz contra o que desejamos e não sabemos ser, contra o conformismo perante o verniz que destoa a claridade do dia e o perfume das maçãs. Fomos com ele um sonho de manhã silvestre, por onde hoje caminhos efémeros se diluem, ainda que tenhamos nos olhos o mês de Maio.
(1) Herberto Helder. "O Actor"
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