sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

No dia da Declaração dos Direitos do Homem


O Ódio Corrói a Consciência e a Sabedoria das pessoas

"Eu não tenho inimigos, nem odeio ninguém. Nem os polícias que me vigiaram, prenderam e me interrogaram, nem os advogados que me processaram, nem os juízes que me condenaram, são meus inimigos. Embora eu não possa aceitar a vigilância, prisão, processos ou condenação, respeito as suas profissões e as suas personalidades. O ódio corrói a consciência e sabedoria das pessoas; a mentalidade de hostilidade pode envenenar o espírito de uma nação, incitar a uma vida violenta e a conflitos de morte, destrói a tolerância e humanidade de uma sociedade, e bloqueia o progresso de uma nação na senda da liberdade e democracia.

Contudo, eu tenho esperança de conseguir transcender as minhas vicissitudes pessoais na compreensão do desenvolvimento do estado e de mudanças na sociedade, e de denunciar a hostilidade do regime com a melhor das intenções, e de acabar com o ódio através do amor.
Eu não me sinto culpado por seguir os meus direitos constitucionais e o direito de liberdade de expressão, e por exercer em pleno a minha responsabilidade social como cidadão chinês. Mesmo que esteja acusado por causa disso, não tenho queixas.
A reforma política da China deve ser gradual, pacífica, ordenada e controlável, e deve ser interactiva, desde cima a baixo e de baixo a cima. Desta forma terá o custo mais baixo e conduzirá aos resultados mais eficazes. Eu conheço os princípios básicos das mudanças políticas, e que mudanças sociais controladas e feitas de forma ordeira são melhores que aquelas que são feitas de forma caótica e sem qualquer controle. Por isso oponho-me a sistemas de governo que sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é incitar à subversão do poder do Estado. Oposição não é equivalente a subversão."


No dia em que passam sessenta e dois anos sobre a declaração dos Direitos Humanos, manifestação mais marcante da ausência de humanidade nos dias que vivemos seria difícil de encontrar. No silêncio vazio, ensurdecedor da cadeira de Liu Xiaobo em Oslo, vemos como aquilo que nos faz humanos está ainda muito longe do essencial em muitas latitudes.

Liv Ulman leu um discurso de quem, mesmo preso tem uma ideia sábia de contruir o desenvolvimento com valores de dignidade humana. É triste e desconsolador observarmos este desprezo pelo valor da palavra, da ideia, da atitude construtiva. É ainda mais porque por cá, pelo mundo ocidental ainda é possível encontrar vozes que acham isto natural.

Os indignados por qualquer direito a ser machucado no campo social acham que este não é um episódio grave, nem incomodativo da consciência. É de facto possível ser-se transportado no futuro e viver na arqueologia do pensamento mágico. A crise económica e moral do Ocidente tornou-se refém de uma economia de sucesso, dos créditos dos Estados onde a liberdade e a responsabilidade da cidadania, que a Declaração dos Direitos do Homem simbolizam, se manifesta uma poeira dos dias.

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