Existem pessoas que passam por nós e emergem como uma onda que pretende marcar na praia sossegada e prevível dos dias algo de diferente, qualquer ideia de mudança, uma paixão pelo confronto com a realidade estática.
Existem pessoas que parecem ter uma áurea significativa para impulsionar os movimentos de mudança, acreditando quase cegamente nas suas convicções, como se elas assegurassem sempre um ganho em qualquer contexto, apesar das dificuldades.
Existem pessoas que parecem ter uma dádiva de conquista pelo seu carisma, pela luta intransigente, pela ruptura, sem concessões por uma quietude mais calma. Ruptura alimentada por profundas convicções, por uma ideia sustentada da sociedade, das oportunidades e da vida que se alimenta apenas de si própria.
Existem pessoas que emergem como alimento de uma onda maior que projectaram, arriscando as convicções no seu objectivo de alimentar a confiança e o entusiasmo.
Apesar de ainda só terem passado trinta anos, o que em História é uma ninharia, não é difícil entregar a Sá Carneiro esse papel com que arriscou os dias. O que teria sido nunca o saberemos. Foi uma figura de primeiro plano na conjuntura dos anos setenta do século passado. No adormecimento de valores que o País vive há duas décadas, Sá Carneiro deixou-nos a interrogação de sabermos até onde iria a sua convicção pelo afrontamento, pela criação de rupturas para algo diferenciado nos dias.
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