Entre os livros e as actividades de fim de período tem faltado tempo para aqui deixar algumas ideias que os dias têm deixado num clima que não é de grande entusiasmo. O fim do dia foi marcado pelo fim físico de um homem que teve nos media alguma importância. Aquela que o País lhe soube reconhecer e apesar de sermos culturalmente pouco sólidos ele desempenhou um papel que deve ser reconhecido.
Nas alturas de circunstância costuma-se fazer as notas biográficas. Deixemos isso para outros. Era jornalista. Revelava um imenso humanismo nas suas declarações sobre os outros, os livros, as ideias, a arte, a cultura... Teve um programa que deu aos portugueses o contacto com esse mundo que parece cada vez mais raro e distante. Falava dos criadores com paixão, com fascínio pela palavra, pelo traço, pela cor redescoberta.
A sua importância, relativa ao período do Acontece faz-nos reflectir como a evolução do País é uma tragédia, é uma incapacidade de projectar ideias, de criar soluções. Sem cultura não existe massa crítica, não existe qualquer fermento para enquadrar uma organização social que é cada vez mais um apêndice de um poder político que se vê a si próprio como o grande inspirador do pensamento dos outros. A distância que nos separa de um País, é muito esta. A desvinculação às ideias. No dia em que nos despedimos de Carlos Pinto Coelho valia a pena pensar um pouco nisso. É por aqui que se tem construído uma aparência do real com figuras janotas, mas pouco consistentes.
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