quinta-feira, 13 de maio de 2010

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«A situação alterou-se nos últimos quinze dias». (1)

Vivemos entre momentos místicos de grande alcance mediático, mas de pouca transformação para o nosso horizonte quotidiano. Entre a vitória do SLB e a visita do Papa recebemos com incredulidade o anúncio fraterno, consciente e inadiável de que um conjunto formoso de taxas, impostos e comissões são devidas ao Estado. Mais uma vez.

Anunciam-se procedimentos ferozes na criação de receita, mas raras informações sobre a despesa, como vai ser controlada. E tudo isto para impor um Estado que asfixia a sociedade, não compreende o mundo em que vive, as relações económicas que o suportam. Um Estado alimentado por partidos que desconhecem a sua função na Democracia.

A Democracia implica o respeito pela palavra, pelo contrato eleitoral, pelas instituições. A Democracia implica a existência de cidadãos, não de crianças que não sabem pensar e por isso dispensadas de respeito. A Democracia implica uma comunidade onde nos podemos, devemos indignar contra a incompetência da gestão do domínio público.

O País, na pessoa dos partidos do governo não compreendeu que o mais importante é o trabalho, a poupança, não o despesimo e o crédito para construir o que não importa e o que não se pode ter. A economia tem de ser construída pelas empresas em concorrência, não pelo Estado. Os governos são eleitos para governar, não para criar dependências de consultadorias onde milhões se desperdiçam nos interesses de uma minoria. Um país não pode viver acima da riqueza que é capaz de criar.

Os partidos que governam não esclarecem que a Europa não existe. Apenas os interesses do eixo franco-alemão. Os partidos não compreenderam que salários baixos e dívida pública explosiva não garantiam qualquer futuro. A entrada na União Europeia impunha critérios de organização que um País julgado predestinado pela História não soube aplicar.

As medidas agora decretadas, prenúncio de um difícil presente, não mereceram um comentário do senhor Presidente da República. Perante os fenómenos místicos há que ficar em stand by. Tudo é decretado por algumas figuras sem a participação do Parlamento, como se ele não fosse a sede da soberania.

Continuamos as mesmas criancinhas, sem verdadeira cidadania, sem um Estado que não sabe ser a medida da ordem das coisas. Uma democracia pouco real onde a igualdade é uma ilusão, fruto desse trabalho que o Salazarismo tão bem projectou e que os governos sucessivamente não sabem reconstruir num projecto de decência colectiva.

(1) (Primeiro- Ministro de Portugal, Conferência de Imprensa 13 de Maio de 2010)

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