«(...) E um povo/de homens recém-criados ainda cor de barro/ainda nus, ainda deslumbrados» (1)
(Demasiadas vezes caminhamos por estas linhas com ideias e pessoas que estando connosco, já não habitam o quotidiano destes dias. Hoje temos a oportunidade de falar de uma figura que nos devolve a dignidade da humanidade que em tantas ocasiões perdemos. Falamos de Nelson Mandela.
Há vinte anos, a onze de Fevereiro de 1990 (justamente ontem), era libertado de uma prisão de longas décadas, um homem que tinha oferecido a sua vida para resistir à segregação racial e lutar por um regime onde os negros tivessem acesso a direitos sociais, económicos e políticos. Sentenciado a prisão perpétua em 1964, Mandela lutou convictamente por uma África do Sul onde diferentes raças tivessem uma oportunidade de contribuir para a formação de um País diferente e mais justo.
A grandeza de Mandela está nessa visão de raros homens que compreendem que a unidade se constrói na diversidade. Prémio Nobel em 1993, chegou a Presidente da África do Sul no ano seguinte. Ao contrário de tantos políticos, que em diferentes geografias se cristalizam na obsessão pelo controle do poder, Mandela preocupou-se em unir o País, sem pretensões de manter esse vazio de circunstância que tantos admiram.
Mandela é ainda a nossa esperança. A de que ainda se pode acreditar em ideias dignas, capazes de transformar o futuro. A concretização nos homens de uma ideia de Ser comum a toda a Humanidade. É por fim a ideia reconfortante, tantas vezes apagada dos manuais, de que o papel do homem, da sua individualidade na História são essenciais para a mudança.
Invictus, é a narrativa da inteligência e da humildade de um homem que na presidência de um País com ódios e rivalidades antigas, procurou pelo desporto cimentar uma união para toda a comunidade. A chegar aos cinemas, numa adaptação de Clint Eastwood. Conferir aqui os pormenores da sua apresentação.
(1) Sophia, «Descobrimento», in Coral
Imagem, in diariocultural
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