«O Estado somos todos nós. Portugal vive um imenso problema: perdeu-se o valor da solidariedade e da obediência ao interesse comum.» (1)
As sociedades contemporâneas como portadoras da participação individual de todos, necessitam para a sua consistência e desenvolvimento que os cidadãos participem com as suas escolhas sobre os diversos campos da acção governativa. Desde o Parlamentarismo inglês do século XVII, e sobretudo com a revolução americana, as sociedades abertas só podem ser desenvolvidas, se os cidadãos tiverem a oportunidade de usar a razão crítica para superar os erros de opinião que surgem no caminho.
Ora, esta liberdade, tal como o disse Thomas Jefferson, implica a discussão de ideias, a leitura variada das opções que são colocadas às pessoas, das quais emana a legitimidade do acto de governar. Numa sociedade desta natureza, como são ou pretendem ser as dos nossos dias, é indispensável poder formular juízos de opinião. A liberdade de contribuir para o crescimento económico e social depende de uma informação alargada e variada.
Não é isso que demasiadas vezes acontece em Portugal. Existe uma maioria de cidadãos que não acede aos factos que lhe permitam estabelecer conclusões e escolher mais conscientemente. A sociedade civil não tem forma de se fazer ouvir. Não existem instituições intermédias capazes de relacionar de forma natural os que governam e os outros, os que não são ouvidos. A representação formal do poder não é uma grarantia que os cidadãos contribuem com as suas ideias.
António Barreto, na sequência de outros projectos sobre a realidade social portuguesa contemporânea, preside à fundação Francisco Manuel dos Santos, que agora nos apresenta, a Pordata. É um projecto que nos oferece de forma gratuita uma imensa base de dados sobre este País, em diferentes vertentes. Estes suportes abertos e disponíveis são essenciais numa sociedade onde «a informação, é ela própria, a Democracia», nas palavras de José Gil. Como instrumento e fonte de informação é igualmente um recurso muito importante para as Bibliotecas, e para o trabalho das Literacias. Para poder consultar, aqui.
(1) António Manuel Hespanha,
in Prós e Contras (22-02-2010)
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