domingo, 15 de novembro de 2009

Sobre o Sonho de Um Jovem



«(...) Como um laço deslaça-se o meu ser
E nos meus olhos morrem as paisagens» (1)


   Um jovem de trinta e dois anos colocou fim à vida. Aqui o nome não é importante. 
  O facto imensamente triste permite-nos pensar um pouco sobre a angústia com que muitos seres humanos se defrontam na sua vida. Faz-nos meditar sobre a sociedade em que vivemos, os seus valores em que a humanidade está demasiadas vezes afastada dos que a governam e da convivência que se estabelece.
  A sociedade contemporânea evoluiu para uma forma de organização em que todos os indivíduos têm de estar sujeitos a um padrão. Padrão estabelecido superiormente por uma tecnocracia que constrói um Estado onde o cidadão deve ser um seu instrumento. Sociedade onde os valores espirutais se perderam em nome de um progresso onde a dúvida e a fragilidade de alguns não podem ser aceites.
  O valor da personalidade individual é ofuscada pelo padrão avaliativo, considerando as pessoas como simples máquinas. O cidadão pode hoje ser um instrumento de estruturas económicas, não uma pessoa capaz de com a sua personaliade contribuir para o desenvolvimento da sociedade. 
  É esta a angústia que leva alguns a perder o brilho numa sociedade sem alma, onde «os rios de frescura e os claros horizontes de pureza» (2) se perdem num rio vazio de sentido. A Robert Enke. 





(1) Sophia, in Coral, Caminho

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