Súmula
«Sei que os campos imaginam as suas
próprias rosas.
As pessoas imaginam os seus próprios campos de rosas. E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudesse acordar.
(...)
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome do espírito como uma rosapeixe.
(...)
Sou uma devastação inteligente.
Com malmequeres fabulosos.
Ouro por cima.
A madrugada ou a noite triste tocadas
em trompete. Sou
alguma coisa audível, sensível.
Um movimento.
Cadeira congeminando-se na bacia,
feita o sentar-se.
Ou flores bebendo a jarra.
O silêncio estrutural das flores.
E a mesa por baixo.
A sonhar».
Herberto Helder, in Ou o Poema Contínuo, Assírio & Alvim
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