«Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessáriamente levado, pelo espírito da verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo (...) somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.» (1)
Nasceu justamente há noventa anos. É uma das grandes figuras da cultura europeia não só do século passado, mas de sempre. Nasceu no Porto a seis de Novembro de 1919, onde passou a sua infância. Mais tarde mudou-se para Lisboa onde fez os seus estudos universitários entre 1936 e 1939.
Publicou os seus primeiros poemas em 1940, nos Cadernos de Poesia. Foi uma defensora dos direitos civis dos presos políticos durante o Estado Novo.
Escreveu diversos livros de poesia que se encontram publicados autonomamente na sua Obra Poética. Podemos destacar Livro Sexto, Coral ou no Tempo Dividido.
Destacou-se na escrita de contos para crianças como A Fada Oriana, O Rapaz de Bronze, a Árvore ou a Floresta. Escreveu ainda ensaios e traduziu autores diversos, como Shakespeare ou Eurípedes da sua amada Grécia.
Recebeu ao longo da sua vida vários prémios, como o Prémio Camões 1999 ou o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana em 2003.
Sophia deu-nos uma escrita de grande beleza, preocupada com os limites da existência humana, onde encontramos a simplicidade e o encontro com a Natureza, em especial o mar. Influenciada pela cultura grega, por esse mar de casas brancas, onde o sonho, a descoberta de novos horizontes está sempre presente.
Com Sophia encontramos o deslumbramento pela palavra, onde a sensibilidade e a pureza tenta encontrar campos e horizontes de felicidade. As musas do mundo grego que tanto a inspiraram deram-nas nas suas palvras uma nova dimensão para o homem.
Em momentos posteriores lembraremos aqui pela sua palavra a magia de Sophia, que soube afirmar a dimensão humana acima de qualquer tempo. Nos noventa anos do seu nascimento aqui fica a lembrança de quem soube exprimir o deslumbramento do nascimento:
«(..) Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Do fundo do mar.
Eu nasci há um instante.» (2)
(1) Sophia, «Posfácio, in Livro Sexto, Caminho
(2) Sophia, in «Gráfico», in Coral, Caminho
Imagem, in portuguesaposeia.blogspot.com
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